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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

13 razões para uma derrota

De ontem para hoje, ouvi de petistas e analistas de todas as matizes partidárias, dezenas de análises sobre as causas que levaram Ana Júlia Carepa a não se reeleger.
Para começar o debate, vou postar aqui as razões "elencadas" pelo poster do blog Espaço Aberto.
E você, tem considerações a fazer?

As razões da derrota. No atacado.

Muitas razões podem explicar isso.

Relacionem-se algumas delas.

1. Ana Júlia revelou-se de uma inexperiência administrativa atroz. Revelou-se de uma inexperiência administrativa de efeitos devastadores. Até ser governadora, ela só havia administrado o Sindicato dos Bancários. Não fora submetida, até aquela altura, ao teste de gestão nem mesmo quando chegou a ser vice do prefeito Edmilson Rodrigues, então no PT. Isso porque Ana Júlia foi prefeita em exercício.

2. A inexperiência administrativa de Ana Júlia sobressaiu em dois casos por si sós emblemáticos e ambos de repercussão nacional. O primeiro deles ocorreu em fevereiro de 2007, quando a governadora assinou decretos nomeando sua cabeleireira, Manoela Figueiredo Barbosa, e sua esteticista, Franciheli de Fátima Oliveira, como assessoras especiais, lotadas no gabinete da governadoria. O segundo, de repercussão igual – senão maior – que o anterior, consistiu também na nomeação da performática Elida Braz, Senhora Kaveira, para assessora especial da Governadoria.

3. A inexperiência administrativa da governadora, em tese, não seria um problema de monta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não tinha nenhuma vivência administrativa, a não ser nos sindicatos que dirigiu. Mas, uma vez presidente, acercou-se de bons quadros e fez o governo mais popular da história do País. Ana Júlia não. Desde o primeiro momento, deixou-se agrilhoar, deixou-se ficar algemada, deixou-se cair como refém de um quarteto que também ficou conhecido como núcleo duro do governo.

4. Refém do núcleo duro, Ana Júlia não viu mais o PT à sua frente. Não viu mais o partido. Não o reconheceu mais como uma legenda orgânica, que poderia lhe dar sustentação. Passou a divisar apenas o núcleo que a mantinha refém e, em consequência, passou a ter olhos apenas para os interesses da Democracia Socialista (DS), a minúscula, inexpressiva tendência petista a que pertence a própria governadora.

5. Sob a tutela dos luas-pretas da DS, Ana Júlia pôs em andamento e turbinou aquela que foi a pior, a mais atabalhoada, a mais disparatada, a mais emperrada e a mais ineficaz articulação política já posta em prática por um governante no Pará. A articulação política, conduzida por seu chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, revelou-se, além do mais, conflitante e conflituosa depois que ele, mesmo na condição de um dos quadros mais influentes do governo, começou a notabilizar-se como pré-candidato a deputado federal, cargo para o qual acabou se elegendo.

6. O próprio PT, partido da governadora, foi uma das vítimas da desarticulação empreendida com notável desenvoltura pela Casa Civil do governo, durante a era Puty. Em meados de 2009, o poster ouviu de viva voz, da assessoria de um parlamentar petista, que o deputado não conseguia falar havia semanas com a governadora. E ele, o deputado, não queria pedir nada. Ou por outra, queria pedir, sim, mas informações circunstanciadas sobre determinada matéria para defender Ana Júlia de críticas ferozes que ela vinha sofrendo na Assembleia.

7. Na articulação política desastrada, conduzida pelo então chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, está a gênese, em boa parte, das dissensões e dos conflitos que levaram ao afastamento do PMDB e, posteriormente, ao rompimento da legenda com o governo, jogando por terra a possibilidade de se manter a aliança desde o primeiro turno das eleições deste ano.

8. A nomeação de Everaldo Martins para comandar a Casa Civil mudou da água para o vinho, mudou do péssimo para o muito melhor a qualidade da articulação política do governo Ana Júlia. Mas já era tarde. Everaldo só assumiu o barco em março deste ano. Havia pouco tempo para juntar os cacos e restaurar os vínculos políticos que seu antecessor esfacelara irreversivelmente.

9. Da mesma forma, Ana Júlia tomou muito tarde a decisão de mexer na Comunicação do governo. Durante a maior parte de seu governo, essa área foi impalpável, inexistente. Não se sabe se nada divulgava porque não sabia como divulgar ou porque obras não havia para serem divulgadas. De meados do ano passado para cá, a Comunicação, mas também não conseguiu, sozinha, reverter situações que já haviam causado enorme desgaste à imagem da governadora.

10. E por falar em obras... O governo Ana Júlia acordou da letargia na onda do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Mas isso também já foi tarde. E o PAC esteve sempre associado ao governo federal, ao governo Lula, e muito pouco aos governos estaduais. Resultado: até inaugurar uma cozinha industrial no Hangar, Ana Júlia pouco ou nada tinha para mostrar. Quando passou a ter alguma coisa para mostrar, não havia mais tempo para que isso se convertesse em votos. E votos, como se sabe, são essenciais para eleger e reeleger um governante, não é?

11. O enclausuramento de Ana Júlia e a dificuldade de seu governo em se comunicar levaram Sua Excelência a ficar acuada em três momentos dos mais críticos. No caso da menor presa e seviciada numa cela de presos em Abaetetuba, no caso da mortandande de bebês da Santa Casa e no caso dos kits escolares. E olhem que, no caso da menor, o delegado-geral Raimundo Benassuly primeiro se exonerou do cargo, depois de uma declaração infeliz. Passados alguns meses, o que fez Ana Júlia? Reconduziu-o ao posto.

12. A governadora também perdeu porque, no afã de se eleger, não mediu escolhas, não selecionou aliados, não passou no crivo os adesistas à sua candidatura. Quem se alia a um Duciomar Costa, o pior prefeito que Belém já teve em toda a sua História, não quer, sinceramente, ganhar uma eleição. E quem se alia a Almir Gabriel se vê forçada a fazer certas revisões históricas que conduzem a vergonhosas, a constrangedoras contradições com trajetórias políticas como as de Sua Excelência a governadora Ana Júlia.

13. E por último, mais não menos importante, Ana Júlia não se reelegeu porque escolheu mal a agência que fez a sua propaganda, a baiana Link. E o escolher mal, como aqui está posto, nada se deve ao fato de a Link ser baiana, mas porque a agência nunca esteve linkada com as peculiaridades de campanhas como as que se desenvolvem no Pará, que são diferentes das que ocorrem na Bahia, ou em Pasárgada ou até no Afeganistão. Assim, três grandes erros na campanha foram, também eles, decisivos para a derrota da governadora.
Essas são, digamos, as razões no atacado.

15 comentários:

Nina disse...

Muito boa a análise, elaborada com bom senso e com base em fatos de conhecimento geral da população. Mas, não adianta mais chorar sobre o leite (ou uísque) derramado. Fiquemos atentos à gestão tucana. Reparei que as primeiras declarações do Jatene foram muito comedidas,está menos deslumbrado. É, gato escaldado, tem medo de água fria...se tem.

Anônimo disse...

Excelente análise. Acho que cabe reconhecer o amadurecimento do eleitor, que "descolou" o voto do presidente do voto do governador. Daí por que muita gente votou 13 lá 45 aqui.
Prof Demócrito

Anônimo disse...

Jatene nunca foi um deslumbrado com o cargo.

Anônimo disse...

Excelente análise. Só faltou um ítem, igualmente crucial. Aliás, vários:
1- Ana Júlia - como é hábito do PT - esqueceu de descer do palanque e não desmontou seu discurso de candidatada. Continuou, então, fazendo campanha, esquecendo-se de governar.
2- De certa forma, já está dito, mas é bom reforçcar: Ana Júlia nunca tirou o salto alto; achava que podia copiar ao dizer (mesmo derrotada continua dizendo. Não poderá, sob o risco de um vexame, repetir isso no discurso de trasmissão de cargo. Aliás, será que ela vai transmitir oficialmente o cargo ao eleito?) que estava fazendo uma revolução no Estado. Não fez nem o básico em gestão, muito menos uma revolução.
Outro item que pode ser acrescentado: Ana Júlia não teve a humildade de fazer o que JATENE fez quando assumiu: sentar com todos os partidos. Inclusive ela, como Senadora, e o Edmilson prefeito, sentaram para conversar com JATENe, pondo em prática o discurso que "O Pará é maior do que qualquer partido". Isso ela - o PT - não sabe fazer. Achou que só o PMDB bastava. Estava enganada. E enganando o Povo. Cerca dde 400 mil votos a mais para JATENE ainda foi pouco. Isso tudo tem um nome: sapato alto.

Anônimo disse...

A pândega imperou na comemoração dos tucanos, na Doca. Alegoria indispensável foi um boneco de Ana Júlia num caixão, devidamente queimado.
Caniços e varas de pesca também marcaram precença. Um deles tinha uma piranha e um rato pendurados. Fez sucesso.

Anônimo disse...

Só uma correçãO; ela nunca administrou nem o Sindicato dos Bancários. Nunca foi sequer da executiva do Sindicato. Quando o MOB assumiu o Sindicato, ela se candidatou a vereadora e assumiu seu primeiro mandato.

Anônimo disse...

Não sou petista, nem simpatizante. Embora tenha muitos amigos que o são.

A impressão que me passa em relação ao PT e seus correligionários e militantes é que viem em constante campanha...se encontrarem um banquinho ou até mesmo dois tijolos empilhados, sobem e fazem discurso.

O problema não é o discurso em si, o que me incomoda é a total responsabilidade com o que falam e fazem.

Qdo vejo AJ falar, gritar e esbravejar nos palanques, tentando impor, no "berro", que o que ela acredita tem que ser dógma, me lembro dos tempos de universidade quando os líderes estudantis se comportavam igualmente assim.

O que AJ esqueceu é que não é mais jovem, não tem mas o direito de ser intempestiva, temperamental e, sobretudo, irresponsável com palavras e atos.

Anônimo disse...

Parabéns pela análise!

ANTEUS disse...

MUITO BOM COMENTARIOS,MAS SÓ FALTOU UM.
1)TODOS OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇAO FIZERAM PROPOGANDAS CONTRA O GOVERNO.
MAS FOI A VITORIA DA DEMOCRACIA, VENCEU QUE O POVO ELEGEU SER O MELHOR PROJETO POLITICO, MAS MSM ASSIM FAREMOS UMA OPOSIÇÃO ATUENTE E SÉRIA DIFERENTE A FEITA PELO PSDB,OPOSIÇAO MESQUINHA!!!!

Anônimo disse...

Concordo com o comentário da Nina sobre o deslumbre do Jatene; realmente, ele não subiu no salto, talvez porque já sabe o que o espera em 2011. Já o vice Helenilson, como bem mostra a foto, não se cabe de tanta alegria, tá igual pinto na m...

Anônimo disse...

Só faltou lembrar que nós Servidores Públicos Efetivos somos uma força, entre parentes e amigos, de apróximadamente 200 mil votos. Neste governo fomos humilhados e deixados de lado, com o aparelhamento descarado do Pt e sua gang de partidos de aluguel. Para nós é PT NUNCA MAIS!

Beth Rocha disse...

Em outras palavras foi uma incompetente essa Ana Bolona.

Anônimo disse...

E vcs vão ver o que é bom com o jateve,vai voltar as montagens de processo, e seus assessores irão embossar os recursos,como Galera cidadã,fabricação de ídolos,todos projetos da SEEL,também vão voltar, o tio, o irmão, a amante,a empregada, o faxineiro,e ninguém vai falar nada, todos preguiçosos, mas o povo escolheu, danem-se, coitado do nosso Pará.

Anônimo disse...

Ah, essa história de lista iniciada pelo Fábio Castro, tá manjada.

Anônimo disse...

Se eu tivesse que eleger a pior razão entre as 13 apontadas pelo autor do texto não teria dúvida em apontaar a de número onze:

11."(...) caso da menor presa e seviciada numa cela de presos em Abaetetuba (...) E olhem que, no caso da menor, o delegado-geral Raimundo Benassuly primeiro se exonerou do cargo, depois de uma declaração infeliz. Passados alguns meses, o que fez Ana Júlia? Reconduziu-o ao posto".

Depois da tolice dita pelo Benassuly no Senado Federal ele mesmo deveria ter ido plantar batatas bem longe e deixado a governadora em paz.

Este foi o pior dos absurdos! O belezinha fez questão de voltar com a cara mais lambida, e a governadora aceitou achando que o eleitor é lesso. Nunca na história deste país um governante fez isso. Por que, heim?