Recebi na caixinha de comentário, a seguinte avaliação da entrevista do secretário de governo Edilson Rodrigues
A entrevista foi concedida no sábado dia 11 e publicada somente no dia 17. Nem uma nota para explicar que as respostas do entrevistado ficaram descontextualizadas, em alguns casos, como quando ele trata da indicação de nomes para o futuro governo. E o mais triste, a edição de uma entrevista ping pong, que cortou o fundamento da resposta sobre o investimento em segurança. Para fechar com chave de ouro, uma pergunta feita em off, no final da entrevista vira on. Puro desrespeito ao entrevistado. Coisa que envergonha o jornalismo.
Dividi a crítica em três partes e vou respondê-las:
1) A desatualização do material
O comentarista tem razão. A entrevista foi concedida no sábado, 11, e o trecho em que Edilson Rodrigues fala que nenhum secretário do novo governo havia sido anunciado deveria ter sido omitido. Admitimos o erro e já conversei com a edição para fazermos o esclarecimento. A demora para a publicação, infelizmente, ocorreu por questões de espaço.
Ao conceder uma entrevista, entrevistado e repórter sabem que a data de publicação é prerrogativa da edição.
2) Sobre o corte da resposta sobre segurança
Nnum tipo de entrevista como essa, é impossível publicar tudo o que foi dito. A fala do secretário Edilson resultou em mais de 40 mil caracteres. Foram publicados 10 mil. Metade dos cortes é de palavras repetidas, raciocínios não concluídos, o que sempre ocorre quando se está conversando, mas na escrita, é preciso fazer ajustes (o mesmo foi feito com a entrevista publicada hoje pelo Diário com Sérgio Leão).
Em todas as entrevistas esse trabalho precisa ser feito, caso contrário, o resultado fica inteligível para o leitor. Infelizmente nessa organização pode-se perder uma idéia que o entrevistado queria ter passado, mas que no papel não ficou clara. Por isso, é importante que o entrevistado tenha confiança no entrevistador. É preciso ter alguma perícia para fazer as mudanças necessárias, mas sem comprometer o conteúdo que ele deseja passar.
3) Quebra do off
Costumo dizer que para um jornalista o off é mais sagrado que a virgem Maria (me perdoem os devotos). Para um jornalista, quebrar um off é o mesmo que, para um médico, receitar um remédio errado que matará o paciente. Por isso, essa foi a crítica que realmente me preocupou. Ouvi novamente o gravador e, em nenhum momento, o secretário pede que o trecho final não seja publicado. Tivemos sim conversas em off, mas como o nome sugere, elas ocorreram com o gravador desligado.
Não estou dizendo que seria impossível ter havido quebra o off.
Jornalistas cometem erros. Se o tivesse feito, admitiria e procuraria corrigi-lo.
A entrevista foi feita por mim e presenciada apenas pelo assessor de imprensa Raimundo Sena, o que me leva a concluir que ele ou o próprio secretário tivessem feito a reclamação que está anônima.
Liguei há pouco para o secretário e ele confirmou: não houve quebra do off.
Feitos os esclarecimentos, publico o trecho da entrevista com a questão da segurança.
Repórter: Mas está previsto zero investimento para a segurança
Edilson Rodrigues: Não tem zero para a segurança, de investimento para a segurança. Temos R$ 7 milhões.
Repórter: R$ 7 milhões é menos que o orçamento da casa civil neste ano, a segurança gasta menos que a Casa Civil?
Edilson Rodrigues: Temos 25% para remanejamento. Nós também teríamos. Isso, nós temos que trabalhar com isso e também nós fomos moderados no que diz a ampliação das receitas e estamos trabalhando com uma ampliação maior. E nessa ampliação você suplementa algumas áreas. É assim que funciona. Na polícia, por exemplo, nos tivemos um investimento muito grande em equipamentos, em pessoal e o problema que nós vamos ter e que esta previsto para o próximo ano é você manter o custeio dessa estrutura que nós criamos. Então não nos caberia agora já que estamos planejando isso fazer novos investimentos em infra-estrutura e equipamentos. Vamos fazer manutenção nesse primeiro ano , por que se você for verificar a quantidade de veículos adquiridos foram 1.440 veículos (motos , lanchas, etc) para a área de segurança. Então nos não podemos repetir essa performance. Não estávamos pensando em repetir isso no inicio do ano, mesmo porque nos já temos alguns convênios com o governo federal que o governador Jatene vai ...por exemplo o protetor de fronteiras que já esta sendo instalado, e que nós já estamos recebendo os equipamentos. Uma aeronave para tripulação de 5 pessoas e mais... Então nós não precisávamos colocar isso no nosso orçamento, porque nós entendemos que já estava atendido. Então nós temos que dar atenção às outras áreas.
Um comentário:
Ritinha, aplausos. É assim mesmo que se faz. Do jeito esclarecido. Sua atitude engrandece o jornalismo, meio pra baixo, paraense. Queremos mais. Abs
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