Deixei de votar no final dos anos 90. Era meu protesto silencioso contra o voto obrigatório contra o qual me rebelara.
Passadas as eleições, ia ao cartório, pedia minha certidão de quitação eleitoral, pagava R$ 3 e voltava para casa me sentindo a mais revolucionária das cidadãs.
Quanto engano.
Nas duas últimas eleições, estava fora de Belém e por isso apenas justifiquei, mas já vinha amadurecendo a idéia de voltar a exercer meu direito de escolha.
Hoje, estou convencida de que nada é mais nocivo para a democracia do que as generalizações do tipo: “todo político rouba” ou “político não trabalha”.
Nada é mais útil para os maus políticos do que o desinteresse dos cidadãos pela coisa pública.
Por dois anos fui assessora no Senado Federal e há um ano e meio, acompanho diariamente as sessões da Assembléia Legislativa do Pará.
Posso lhes garantir que há muito mais gente realmente preocupada com o bem comum do que se poderia imaginar.
O desafio é saber quem é quem. Por isso, acesso à informação é um item fundamental para consolidar a nossa democracia ainda imberbe (prometo fazer, nos próximos dias, um post sobre a Poliarquia de Robert Dahl).
Na semana passada, escrevi sobre o assunto para o Diário do Pará e entrevistei o cientista político, Roberto Correa que disse o seguinte:
“A dimensão regulada do voto obrigatório é semelhante è exigência de que os partidos façam suas listas, obedecendo ao limite máximo de 70% para um dos sexos de forma a estimular a participação feminina. O voto obrigatório é uma forma de o Estado induzir um comportamento cidadão que aos poucos vai se consolidar. O voto franqueado poderia estimular o surgimento de um mercado de compra de eleitores em que a cidadania iria para o espaço”.
Concordo
2 comentários:
Ótimo post.
Só quem vive o dia a dia da política, sabe muito bem que há joio e trigo e quanto engano há quando se joga todo mundo na vala comum. É tudo que os porcos querem.
beijos, Ritinha!
Discordo deste cientista político em relação a ter dito que o voto facultativo iria aumentar a compra de votos, pois é mais lógico que, na verdade, isso diminua: é mais fácil comprar o voto de alguém que inevitavelmente iria ter que sair de casa para votar, do que comprar o eleitor que tivesse a liberdade de ficar em casa assistindo futebol no dia da eleição.
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